Bravo companheiro Arthur.
Eu em nada me surpreendi com esse texto e esse vídeo do Rapadura ai. Já tinha isso bem claro na minha mente e por isso mesmo gosto do Tarantino.
Toda minha construção sobre meu gosto, aquilo que eu acho genial e o que eu acho imbecil, deriva de uma percepção narcisista. Isto é, se eu digo: "Putz, eu faria isso" é porque é bom. O cabeçudo do Knoxville, moleque de locadora, viciado em filmes B de kung-fu e cultura pop é algo com o que eu automaticamente me identifico.
E outra coisa que eu faria no lugar dele, e que ele já faz magistralmente, é esfregar na cara de cada um o tanto que ele saca de cinema. E que enquanto a galera pseudo-cult intelectual está discutindo cinema independente Curdo, ele está se divertindo com o que é trash e marginal. Junta tudo isso num caldeirão de referências e cria algo novo.
Me lembro de uma palestra memorável com o outro gênio Ariano Suassuna, na qual ele comentava uma entrevista antiga dele. A repórter começou a citar as histórias dentro do "Auto da Comapdecida", apontando que todas eram histórias tradicionais de cordéu: "O velório da cachorra" "O gato que descomia dinheiro" e outras, além da influencia clara do Auto da Barca do Inferno. Ariano concordou com ela em todos os pontos. Dai a repórter pergunta: "Mas afinal, o que é seu então?" O mestre responde [imagine aquele voz característica dele aqui]: "Ora! O livro!"
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Tres Hombres
O mais europeu dos três homens sentados a mesa interrompeu as risadas com um olhar sério e disse:
- Dessa vez eu quase me fodo de verdade no Cairo.
Os outros dois pararam de rir e se olharam com uma expressão fechada. Pensaram por alguns segundos no que seu companheiro acabara de dizer.
- Frouxo.
A algazarra retornou a mesa.
- Como assim frouxo!? O mundo tava caindo lá. E como eu sempre digo: “É melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso”.
- Você nunca disse isso.
- Enfim.
Os três continuaram a conversa sobre Honk Kong, Dubai, Tóquio, Istambul, Havana e Bogotá. A conversa logo chamou a atenção de um dos barmen, treinado na milenar arte da espionagem de taberna, que identificou um dos homens sentados a mesa.
- Senhor, eu tenho certeza. Ele está aqui. Acompanhado de mais dois: um homem branco loiro e outro latino.
Ouvia as instruções no telefone.
- Ok, senhor. São trinta minutos de carro até aqui. Nós iremos distraí-lo.
Desligou o celular.
O barman continou atento a conversa dos três e logo percebeu que se tratava de uma comemoração.
- Rápido! Mande Fernanda, Antonella e Rosario para a mesa deles.
Em segundos, três belas mulheres faziam companhia aos rapazes. As mais belas daquele inferninho.
- É disso que eu to falando. No Cairo não tinha nada disso – esboçava um sorriso peculiar – Vem cá minha linda.
O tempo passou mais rápido com a presença feminina.
- Senhor, ele está bem ali.
Um senhor distinto, acompanhado de três outros homens rudes e grandes adentraram apressadamente no recinto. O barman lhes apontou o alvo.
Ele estava de costas e nem pode ver quem lhe deu o violento tapa na altura da orelha direita. Caiu no chão com um zumbido no ouvido. As mulheres correram. Os outros clientes se esconderam. Seus amigos sacaram as armas.
- Merda. Outro duelo mexicano. Isso me lembra aquela vez em Praga, mas as putas eram mais bonitas. E agora, Medjay?
- Isso ta longe de ser um duelo mexicano. Isso é quase suícidio.
O homem caído no chão se levantou cambaleante e se viu na mira de três armas. O velho tinha um sorriso cínico no rosto.
- Poxa, Don Agnello! Eu ia pagar o senhor hoje.
O amigo cabeludo perguntou:
- De onde você conhece o narigudo ai?
- Ele é dono de uma boca de porco em Buenos Aires. Tem uma rinha ilegal. Eu apostei no boliviano, mas o pitbull ganhou.
- Imbecil – disse rindo o amigo loiro.
- Então, como vai ser hoje?
O velho se irrita e dispara para cima.
- Eu quero meu dinheiro!!!
O cabeludo traça os destinos dos homens em conflito:
- Vocês se lembram de como fugimos de Shangai?
Os outros dois em uníssono: “Sim”.
- Foi um prazer rever os senhores. Feliz aniversário, Arthur.
- Obrigado, Che. Obrigado, Péclat.
- Dessa vez eu quase me fodo de verdade no Cairo.
Os outros dois pararam de rir e se olharam com uma expressão fechada. Pensaram por alguns segundos no que seu companheiro acabara de dizer.
- Frouxo.
A algazarra retornou a mesa.
- Como assim frouxo!? O mundo tava caindo lá. E como eu sempre digo: “É melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso”.
- Você nunca disse isso.
- Enfim.
Os três continuaram a conversa sobre Honk Kong, Dubai, Tóquio, Istambul, Havana e Bogotá. A conversa logo chamou a atenção de um dos barmen, treinado na milenar arte da espionagem de taberna, que identificou um dos homens sentados a mesa.
- Senhor, eu tenho certeza. Ele está aqui. Acompanhado de mais dois: um homem branco loiro e outro latino.
Ouvia as instruções no telefone.
- Ok, senhor. São trinta minutos de carro até aqui. Nós iremos distraí-lo.
Desligou o celular.
O barman continou atento a conversa dos três e logo percebeu que se tratava de uma comemoração.
- Rápido! Mande Fernanda, Antonella e Rosario para a mesa deles.
Em segundos, três belas mulheres faziam companhia aos rapazes. As mais belas daquele inferninho.
- É disso que eu to falando. No Cairo não tinha nada disso – esboçava um sorriso peculiar – Vem cá minha linda.
O tempo passou mais rápido com a presença feminina.
- Senhor, ele está bem ali.
Um senhor distinto, acompanhado de três outros homens rudes e grandes adentraram apressadamente no recinto. O barman lhes apontou o alvo.
Ele estava de costas e nem pode ver quem lhe deu o violento tapa na altura da orelha direita. Caiu no chão com um zumbido no ouvido. As mulheres correram. Os outros clientes se esconderam. Seus amigos sacaram as armas.
- Merda. Outro duelo mexicano. Isso me lembra aquela vez em Praga, mas as putas eram mais bonitas. E agora, Medjay?
- Isso ta longe de ser um duelo mexicano. Isso é quase suícidio.
O homem caído no chão se levantou cambaleante e se viu na mira de três armas. O velho tinha um sorriso cínico no rosto.
- Poxa, Don Agnello! Eu ia pagar o senhor hoje.
O amigo cabeludo perguntou:
- De onde você conhece o narigudo ai?
- Ele é dono de uma boca de porco em Buenos Aires. Tem uma rinha ilegal. Eu apostei no boliviano, mas o pitbull ganhou.
- Imbecil – disse rindo o amigo loiro.
- Então, como vai ser hoje?
O velho se irrita e dispara para cima.
- Eu quero meu dinheiro!!!
O cabeludo traça os destinos dos homens em conflito:
- Vocês se lembram de como fugimos de Shangai?
Os outros dois em uníssono: “Sim”.
- Foi um prazer rever os senhores. Feliz aniversário, Arthur.
- Obrigado, Che. Obrigado, Péclat.
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