quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Comentário a respeito de Referências, Arthur Moraes e Quentin Tarantino

Bravo companheiro Arthur.
Eu em nada me surpreendi com esse texto e esse vídeo do Rapadura ai. Já tinha isso bem claro na minha mente e por isso mesmo gosto do Tarantino.
Toda minha construção sobre meu gosto, aquilo que eu acho genial e o que eu acho imbecil, deriva de uma percepção narcisista. Isto é, se eu digo: "Putz, eu faria isso" é porque é bom. O cabeçudo do Knoxville, moleque de locadora, viciado em filmes B de kung-fu e cultura pop é algo com o que eu automaticamente me identifico.
E outra coisa que eu faria no lugar dele, e que ele já faz magistralmente, é esfregar na cara de cada um o tanto que ele saca de cinema. E que enquanto a galera pseudo-cult intelectual está discutindo cinema independente Curdo, ele está se divertindo com o que é trash e marginal. Junta tudo isso num caldeirão de referências e cria algo novo.
Me lembro de uma palestra memorável com o outro gênio Ariano Suassuna, na qual ele comentava uma entrevista antiga dele. A repórter começou a citar as histórias dentro do "Auto da Comapdecida", apontando que todas eram histórias tradicionais de cordéu: "O velório da cachorra" "O gato que descomia dinheiro" e outras, além da influencia clara do Auto da Barca do Inferno. Ariano concordou com ela em todos os pontos. Dai a repórter pergunta: "Mas afinal, o que é seu então?" O mestre responde [imagine aquele voz característica dele aqui]: "Ora! O livro!"

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Tres Hombres

O mais europeu dos três homens sentados a mesa interrompeu as risadas com um olhar sério e disse:

- Dessa vez eu quase me fodo de verdade no Cairo.

Os outros dois pararam de rir e se olharam com uma expressão fechada. Pensaram por alguns segundos no que seu companheiro acabara de dizer.

- Frouxo.

A algazarra retornou a mesa.

- Como assim frouxo!? O mundo tava caindo lá. E como eu sempre digo: “É melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso”.

- Você nunca disse isso.

- Enfim.

Os três continuaram a conversa sobre Honk Kong, Dubai, Tóquio, Istambul, Havana e Bogotá. A conversa logo chamou a atenção de um dos barmen, treinado na milenar arte da espionagem de taberna, que identificou um dos homens sentados a mesa.

- Senhor, eu tenho certeza. Ele está aqui. Acompanhado de mais dois: um homem branco loiro e outro latino.

Ouvia as instruções no telefone.

- Ok, senhor. São trinta minutos de carro até aqui. Nós iremos distraí-lo.
Desligou o celular.

O barman continou atento a conversa dos três e logo percebeu que se tratava de uma comemoração.

- Rápido! Mande Fernanda, Antonella e Rosario para a mesa deles.

Em segundos, três belas mulheres faziam companhia aos rapazes. As mais belas daquele inferninho.

- É disso que eu to falando. No Cairo não tinha nada disso – esboçava um sorriso peculiar – Vem cá minha linda.

O tempo passou mais rápido com a presença feminina.

- Senhor, ele está bem ali.

Um senhor distinto, acompanhado de três outros homens rudes e grandes adentraram apressadamente no recinto. O barman lhes apontou o alvo.

Ele estava de costas e nem pode ver quem lhe deu o violento tapa na altura da orelha direita. Caiu no chão com um zumbido no ouvido. As mulheres correram. Os outros clientes se esconderam. Seus amigos sacaram as armas.

- Merda. Outro duelo mexicano. Isso me lembra aquela vez em Praga, mas as putas eram mais bonitas. E agora, Medjay?

- Isso ta longe de ser um duelo mexicano. Isso é quase suícidio.

O homem caído no chão se levantou cambaleante e se viu na mira de três armas. O velho tinha um sorriso cínico no rosto.

- Poxa, Don Agnello! Eu ia pagar o senhor hoje.

O amigo cabeludo perguntou:

- De onde você conhece o narigudo ai?

- Ele é dono de uma boca de porco em Buenos Aires. Tem uma rinha ilegal. Eu apostei no boliviano, mas o pitbull ganhou.

- Imbecil – disse rindo o amigo loiro.

- Então, como vai ser hoje?

O velho se irrita e dispara para cima.

- Eu quero meu dinheiro!!!

O cabeludo traça os destinos dos homens em conflito:

- Vocês se lembram de como fugimos de Shangai?

Os outros dois em uníssono: “Sim”.

- Foi um prazer rever os senhores. Feliz aniversário, Arthur.

- Obrigado, Che. Obrigado, Péclat.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Sinuca

Ele era conhecido por vários nomes. Todos significavam alguma coisa. No Pará, ele era o Nego Bala – e isso já quer dizer muita coisa. Quem não sabia disso era o valentão de porta de boteco que o desafiou para uma partida de sinuca. Aposta: 100 reais e a honra de ser o dono do pedaço. Parecia um duelo de gigantes, mas não para Abel. Giz branco entre os dedos negros e, uma a uma, as bolas obedeciam a seu comando de pular dentro do buraco. Quando a derradeira bola amarela de número 1 caiu na caçapa, o valentão reagiu e sacou seu três oito. A platéia que acompanhava a peleja se afastou. Abel acendeu um cigarro. “Eu sabia que você não era homem de se apostar na mesa de sinuca. Vagabundo. Toma aqui seu dinheiro”. Abel coloca a mão no bolso e retira um pacote de notas de 100. Arremessa na direção do valentão. Com o dinheiro ainda no ar, Abel saca sua pistola de confiança, que pela vigésima quinta vez iria salvar sua vida e encomendar a de outro, e descarrega no valentão. O povo observa assustado. Abel pega o dinheiro no chão, coloca em cima do balcão: “Hoje é por minha conta. Afinal, é meu aniversário. Acende uma vela pra mim e outra pro presunto”.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Uma última canção para Paulo Silvério

O sol insistia em desafiar o clima fúnebre daquela manhã. Era um velório, mas não um velório comum. O corpo de Paulo Silvério jazia no caixão negro sem muitos detalhes, colocado no meio da sala sem grandes luxos ou flores ostentosas. Seu rosto era aparentemente sereno. Sua serenidade era quebrada apenas pela sobrancelha direita que teimava em ficar mais alta que a esquerda, dando um ar de dúvida e incerteza ao morto. Vestia sua melhor farda, com todas suas medalhas, incluindo a medalha da Nossa Senhora Aparecida, que mesmo sem muita fé, trazia no bolso interno do paletó para protegê-lo.

Silvério tinha sido um dos principais nomes da intelectualidade da resistência, um homem de ciência e filosofia que se viu obrigado a pegar em armas e liderar aqueles que compartilhavam de seu sonho. Era um herói enquanto vivo, e agora, deitado naquele caixão, era um mártir. O clima era tenso. O velório de um homem da envergadura de Paulo Silvério atrairia todos os outros lideres da Resistência. Itravolt sabia disso, por isso toda a cerimônia foi preparada em absoluto sigilo e a segurança reforçada.

Por volta das dez horas da manhã, um a um, todos os Comandantes chegaram para o último adeus ao grande mestre. Vestindo trajes civis pretos, se abraçavam silenciosamente na entrada da sala. Olhavam o velho companheiro Paulo, de longas barbas alvas e de olhos tão tranqüilos que nada temiam, dizendo adeus e, principalmente, obrigado. A mulher de Paulo estava sentada ao lado do caixão, silenciosa, estática, visivelmente fora de si. Todos os Comandantes a saudaram e ofereceram seus sentimentos à viúva. Ela respondia mecanicamente balançando a cabeça positivamente, enquanto enxugava discretamente as lagrimas no canto do olho.

Quando o último comandante chegou e prestou sua homenagem ao velho líder, o silêncio da sala foi quebrado pela voz rouca e potente do Comandante Gustavo de Mello:

- Caros companheiros, devo dizer que hoje minha alma chora. Chora como uma criança, perdida e assustada. Chora como uma mãe que recebe a noticia que o filho morrera em combate, ou melhor, choro como um filho que recebe a noticia que seu pai sucumbiu em combate. Não sei se conseguirei exprimir meu sentimento de gratidão e respeito por esse homem, com quem tanto aprendi, e a importância dessa figura tranqüila, mas de uma presença monumental, para nossa Resistência. Hoje, caros amigos, enterraremos o último homem que entrou e viu com esses olhos, agora cerrados eternamente, a Cidade de Concreto.

Os outros Comandantes ouviam atentamente enquanto compartilhavam da dor coletiva que circundava o ambiente. O sol insistia em desafiar o clima fúnebre daquela manhã. Como um último pedido, escrito e registrado no testamento de Paulo Silvério, sua mulher se levantou caminhou até o lado oposto da sala, retirou o lençol que cobria um antiguíssimo móvel, de muita estima para o velho Comandante, e colocou um disco negro para rodar, enquanto uma agulha o arranhava. Estranhamente, dali saía som, e então a música contaminou a sala e apaziguou os ânimos. Era um pouco triste, e arrancou a lágrima reprimida do mais forte dos presentes. Todos fizeram reverência à última canção para Paulo Silvério. Alguns Comandantes murmuravam baixinho, como se rezassem, os versos de Strawberry Fields Forever. Ninguém mais disse nada. Silenciosamente todos se retiraram. Aquele era um dia triste.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Na tenda do suor

Uma luz febril pendia do teto e revelava os contornos do que se escondia sob aquela tenda. Pouco mais de dezesseis metros quadrados e uma meia dúzia de homens ao chão, estendidos sobre esteiras de náilon militar, lado a lado, e um outro, apenas, sobre a única maca disponível. Àquela hora os gemidos já haviam se recolhido em seus pesadelos, limitando-se a grunhidos e espasmos abandonados na penumbra. Da maca, pendia um braço.

Mais estranho do que a própria cena, era a reticência do silêncio que preenchia o ar impregnado de éter e cheiro de carne viva. Pela fissura na lona da tenda, convenientemente chamada de porta, entra um homem fardado, com aspecto resoluto, que levanta os olhos para a lâmpada medíocre que se ergue poucos centímetros acima de sua cabeça. Esfrega as mãos e as cheira, olha para o corpo inerte na maca e grita por cima dos ombros:

- Samuel, chegou mais um aqui!

O segundo homem entra na tenda andando com a mesma firmeza, sem muita pressa e sem nenhuma tranqüilidade. Era visivelmente mais jovem e não menos cansado. Pôs-se ao lado do primeiro, com as mãos na cintura, e contemplou por alguns segundos a cena, os moribundos e as paredes da tenda suadas de dor.

- O senhor sedou os outros antes de sair? – pergunta Samuel, com voz mais leve e cansada.

- Fiz isso, mas tem um gaúcho ali que tá fodido – e acenou com a cabeça na direção do desgraçado – Não sei se consegue agüentar até amanhã. Os outros talvez se recuperem, se essa porra acabar logo. Agora vamo ver esse aqui, que também não tá lá essas coisas não.

Desacordado, jazia de costas sobre a maca, boca entreaberta, o braço esquerdo pendendo.

- Foi o tempo de sair pra mijar e os padioleiros trouxeram mais esse aqui. Vai de lá e me ajuda – e fez um gesto indicando o outro lado da maca; e Samuel atendeu.

Os tiros ecoavam ao longe, em intervalos mais longos. Pareciam vir do lado sudoeste, para onde as colinas se derramavam pedregosamente em direção a um vale em cujo centro havia uma pedreira abandonada. A vegetação era bastante hostil, cerrada, espinhosa, com árvores baixas e retorcidas, geralmente ostentando caixas de marimbondo abandonadas. No chão, cascalho e terra dura. A esta hora da noite, umas quatro horas decorridas após o ocaso do Sol, o fogo cruzado parecia ter abrandado, e aquele seria o último ferido a adentrar a “tenda do suor”, como a chamavam os estadistas.

- Tem quanto tempo que o senhor não dorme? – rompeu-se o silêncio entre os dois.

- Umas trinta horas, eu acho. Me passa a tesoura aí, essa farda só tá enchendo o saco.

A tesoura fria foi passada enquanto uma das mãos de Samuel pressionava o ferimento na região da bacia, a meio palmo de distância do umbigo. Já não jorrava mais sangue, mas as vestes estavam encharcadas.

- Pois é, faz mais ou menos esse tempo aí que eu também to de pé...moído.

- Puta que pariu, estilhaçou o osso tudo aqui! Vai ser uma canseira quando esse camarada acordar.

- O senhor já encontrou onde tá a bala?

- Do jeito que ta aqui, parece que passou direto. Me ajuda a virar, vai.

O peso morto do corpo inerte dificultava o exame. A maca era estreita demais para simplesmente virar o corpo, fazendo-se necessário um giro sobre o mesmo lugar, sem que houvesse deslocamento do corpo de um lado para o outro.

Não havia orifício de saída. O projétil ainda estava alojado em algum lugar ali dentro daquele corpo. Resguardados no silêncio da concentração, um mordeu o lábio inferior e o outro suspirou, apoiando o peso em uma perna.

...que não estivesse no intestino.

Voltaram o corpo para a posição que o encontraram.

- Ainda tem luva de látex? – pergunta a Samuel sem tirar os olhos do ferimento.

- Mais uns quatro pares.

- Então me dá uma só.

A resistência do Estado, à qual integrava Samuel e seu superior, o Dr. Cel. Lúcio Freitas, já estava há doze dias sem receber provisões. Os panos esterilizantes já haviam praticamente esgotados, o éter e as anestesias acabaram havia três dias, um dos bisturis havia quebrado e um serrote de amputação havia sumido. Só lhes restavam a habilidade, a honra, algumas tesouras, gazes limpas, linha e agulhas de sutura, e algumas bandagens improvisadas, feitas de panos de pratos doados por civis favoráveis à resistência estatal. A falta de recursos provenientes da arrecadação do Estado apenas tornava mais difícil a resistência contra a milícia privada da Itravolt.

Enquanto o Dr. Cel. Lúcio chafurdava as entranhas do soldado baleado com seus dedos médio e indicador direitos – a mão esquerda apalpando por cima da pele – Samuel absorvia o sangue que minava com gazes brancas. De repente, um gemido.

- Caralho, ele tá acordando...seda ele Samuel, pega o éter lá. Não vai agüentar a dor se estiver acordado.

Samuel umedeceu uma das bandagens de pano de prato com um pouco de éter, segurou a cabeça do soldado com uma mão e com a outra pressionou o pano contra seu rosto.

- Acho que vai dormir por mais um tempo agora. Já encontrou alguma coisa?

- Ainda nada. Onde será que foi parar...? – respondeu o coronel enquanto remexia por dentro do soldado, a cabeça ainda abaixada.

Tão absortos que estavam, demoraram a se dar conta de uma voz forte gritando do lado de fora da tenda: “Resistência! Resistência pela República e pelo bem do povo!”.

Assustados, ergueram as cabeças e se entreolharam. Sem hesitar, Samuel sacou a pistola do coldre de ombro e saiu da tenda com cautela, olhando para um lado e para outro, piscando forte os olhos para se acostumar com a escuridão da madrugada que os envolvia. As pilhas haviam todas acabado e suas lanternas eram inúteis agora. A única fonte de energia elétrica era uma bateria de caminhão roubada de um pátio de manobras da Itravolt; já que não poderiam usar a bateria do único jipe de que dispunham naquele momento.
Ainda um pouco cego, Samuel se esgueirou na escuridão, pistola firme no pulso, apontando para frente. Agachou ao lado do pneu traseiro direito do jipe que ficava estacionado ao lado da tenda e fitou a vegetação quieta, procurando se acostumar com o breu da madrugada. De trás de um arbusto, um homem barbudo e de aspecto severo se levantou vagarosamente, caminhou com passos largos e lentos em direção a Samuel, com os braços erguidos em sinônimo de paz, e olhando fundo em seus olhos, se identificou:

- Comandante Carlos Rodriguez, fronte do sul.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Charles Miller e o fim

Segunda, 7 de novembro de 2033.

O controlador apita as 5:45 da manhã, apenas me esforço para desligá-lo e acabo derrubando-o para de baixo da cama, tenho mais 15 minutos de sono. Acordo assustado, já passa das 6:30, "estou atrasado!".

O desjejum é apenas um copo de suco de frutas cítricas, nem tenho tempo de beliscar o pedaço de bolo da Dona ofélia - era rotina, toda manhã de domingo eu encontrava um pote com bolo na porta de entrada do meu apartamento - que me deixava alimentado a manhã inteira.

São 6:52, tenho que estar antes das 7:15 no salão de entrada da DESITRA. Pego meu CIU que deixei em cima da mesa e encontro um bilhete, que dizia:
"Obrigado pela noite maravilhosa, tive que sair muito cedo e não pude arrumar o café da manhã que você merece meu 'Rei'. Nos vemos domingo que vem no mesmo horário, beijos. Paola"

Termino de me arrumar e saio, vou em direção a avenida ST-21, avisto o ônibus partindo do ponto, tento correr atrás, mas o meu corpo sedentário não responde as minhas vontades. Vejo apenas a traseira do veículo anunciando mais um novo projeto da ITRAVOLT. Escuto uma implosão, olho para o lado e me deparo com uma imensa nuvem de poeira. Me assusto com tudo aquilo, e logo me acalmo, tudo não passa da demolição de uma maravilhoso lugar de tantas alegrias.

Lembro dos momentos de vibração da final da copa de 2014, quando Pato recebeu a bola em frente a grande área, passou por dois e chutou cruzado marcando o único gol da final. Hoje, apenas resta os concretos ao chão do velho Cícero Pompeu de Toledo.

Volto do pequeno momento de distração, puxo o relógio com a pulseira quebrada e vejo que já passa das 7:30, não adianta seguir em frente, a entrada está bloqueada no DESITRA, terei depois que enfrentar uma bateria de perguntas para justificar a minha falta ao trabalho.

Aproveitando o local, me guardo apenas recordar as maravilhas que país apresentava com uma bola em campo e agora são somente meras recordações.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Notícias do Mundo - I

- Você viu a capa do jornal hoje?
- Não. O que é?
- "Irã celebra êxito do programa nuclear testando bomba"
- Meu Deus! Devo me preocupar?
- Acho que não, os americanos são muito mais perigosos e dominam a bomba há muitos anos.
- É verdade... me passa a página de esportes. Será que o Vila ganha esse ano?
- Ah! Isso sim é preocupante!


Goiânia, 7 de abril de 2009.