terça-feira, 8 de abril de 2008

Charles Miller e o fim

Segunda, 7 de novembro de 2033.

O controlador apita as 5:45 da manhã, apenas me esforço para desligá-lo e acabo derrubando-o para de baixo da cama, tenho mais 15 minutos de sono. Acordo assustado, já passa das 6:30, "estou atrasado!".

O desjejum é apenas um copo de suco de frutas cítricas, nem tenho tempo de beliscar o pedaço de bolo da Dona ofélia - era rotina, toda manhã de domingo eu encontrava um pote com bolo na porta de entrada do meu apartamento - que me deixava alimentado a manhã inteira.

São 6:52, tenho que estar antes das 7:15 no salão de entrada da DESITRA. Pego meu CIU que deixei em cima da mesa e encontro um bilhete, que dizia:
"Obrigado pela noite maravilhosa, tive que sair muito cedo e não pude arrumar o café da manhã que você merece meu 'Rei'. Nos vemos domingo que vem no mesmo horário, beijos. Paola"

Termino de me arrumar e saio, vou em direção a avenida ST-21, avisto o ônibus partindo do ponto, tento correr atrás, mas o meu corpo sedentário não responde as minhas vontades. Vejo apenas a traseira do veículo anunciando mais um novo projeto da ITRAVOLT. Escuto uma implosão, olho para o lado e me deparo com uma imensa nuvem de poeira. Me assusto com tudo aquilo, e logo me acalmo, tudo não passa da demolição de uma maravilhoso lugar de tantas alegrias.

Lembro dos momentos de vibração da final da copa de 2014, quando Pato recebeu a bola em frente a grande área, passou por dois e chutou cruzado marcando o único gol da final. Hoje, apenas resta os concretos ao chão do velho Cícero Pompeu de Toledo.

Volto do pequeno momento de distração, puxo o relógio com a pulseira quebrada e vejo que já passa das 7:30, não adianta seguir em frente, a entrada está bloqueada no DESITRA, terei depois que enfrentar uma bateria de perguntas para justificar a minha falta ao trabalho.

Aproveitando o local, me guardo apenas recordar as maravilhas que país apresentava com uma bola em campo e agora são somente meras recordações.

Nenhum comentário: